quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Sudão aceita envio de força de paz da ONU e da União Africana a Darfur 1/08/2007



Cartum, 1 ago (EFE) - O Governo do Sudão aceitou hoje o envio de uma força de paz formada por 26 mil soldados da ONU e da União Africana (UA) à região de Darfur, medida aprovada na terça-feira pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.O anúncio foi feito em entrevista coletiva pelo ministro de Assuntos Exteriores sudanês, Lam Akol, que disse que o Sudão acata a decisão, contida na resolução nº 1769 do Conselho de Segurança.O Governo sudanês tinha anunciado no dia 25 a criação de um comitê para estudar a minuta da resolução, que foi apresentada pela França e pelo Reino Unido ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e que teve o apoio unânime de todos os membros do órgão.Akol ressaltou que o Sudão aprovou a medida internacional após algumas modificações. Segundo ele, o documento agora "contém vários pontos positivos", já que não inclui, por exemplo, a imposição de sanções ao país.O ministro minimizou a importância de o texto final fazer referência ao capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que autoriza a imposição de medidas pela força.O chanceler afirmou que a menção desta cláusula é um detalhe normal, que também foi incluído na resolução 1590 da ONU, que pedia o envio de tropas multinacionais à região autônoma do Sudão.O chefe da diplomacia do Sudão disse que a nova medida confirma o compromisso da ONU em continuar a financiar as tropas africanas de paz presentes atualmente em Darfur até o posicionamento do contingente misto, o que deve ocorrer no final de ano.Akol destacou que o Exército sudanês continuará desempenhando sua missão em Darfur sem ser afetado pelo posicionamento da força mista internacional.A resolução estabelece 31 de dezembro como prazo máximo para transferir a autoridade da missão da UA para a força de paz mista da ONU e da organização africana.Foram eliminadas da resolução referências diretas à atitude do Governo de Cartum que apareciam nos primeiros textos, como as que aludiam à possível condenação do Executivo caso não garantisse a segurança e o trabalho do pessoal humanitário que atua em Darfur.Também foi retirado o pedido feito ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a um grupo de especialistas para informar imediatamente sobre qualquer descumprimento da resolução.No entanto, foi mantida a autorização aos soldados da missão para tomarem as medidas necessárias para proteger a população civil e os trabalhadores humanitários que se sintam ameaçados, ponto questionado por Cartum.O conflito no oeste do país começou em fevereiro de 2003, quando o Movimento de Libertação do Sudão (MLS) e o Movimento de Justiça e Igualdade (MJI) pegaram em armas para protestar contra a pobreza e a marginalização da região.Desde então, estima-se que a guerra matou mais de 200 mil pessoas e deixou cerca de dois milhões de deslocados e refugiados.






No leste de Nyala fica o vilarejo de Ner que, como todos os outros ao longo desta estrada, está abandonado. Os habitantes de Ner fugiram há dois meses, quando o governo lançou uma ofensiva na região. Milícias árabes pró-governo são acusadas pelos Estados Unidos de promover um genocídio contra a população africana negra da região. Os rebeldes dizem que o governo está oprimindo os


africanos negros em favor dos árabes.




Perto de Nyala fica Kalma, um dos maiores acampamentos de desabrigados de Darfur. Organizações de ajuda humanitária estimam que de 100 mil a 150 mil pessoas vivem neste lugar. Quase dois milhões deixaram suas casas, e estima-se que 70morreram vítimas de violência política.











Durante os combates, o governo usou helicópteros e aviões Antonov de
fabricação russa. Estes homens têm nas mãos projéteis de artilharia que dizem terem sido lançados no vilarejo. Os Estados Unidos fizeram lobby por uma resolução da ONU que inclua a ameaça de sanções contra o Sudão. Tentativas anteriores de sanções foram bloqueadas pela China, que tem interesses no petróleo do Sudão, e pela Rússia, que é acusada de vender armas ao governo, segundo a ONG Human Rights Watch.








Front As forças do governo se defenderam tomando rapidamente posições com suas metralhadoras. A área está cheia de fragmentos de balas. Um relatório da ONU diz que o governo do país e suas milícias cometem ataques indiscriminados contra civis. Segundo a ONU, os responsáveis poderiam ser acusados de crimes contra a humanidade e processados no Tribunal Criminal Internacional de Haia. O relatório diz ainda que forças rebeldes cometeram graves violações de direitos humanos.

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